sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CHICO XAVIER E O HOMOSSEXUALISMO


"Não vejo pessoalmente qualquer motivo para criticas destrutivas e sarcasmos incompreensíveis para com nossos irmãos e irmãs portadores de tendências homossexuais, a nosso ver, claramente iguais às tendências heterossexuais que assinalam a maioria das criaturas humanas. Em minhas noções de dignidade do espírito, não consigo entender porque razão esse ou aquele preconceito social impediria certo numero de pessoas de trabalhar e de serem úteis à vida comunitária, unicamente pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. (...)

Nunca vi mães e pais, conscientes da elevada missão que a Divina Providencia lhes delega, desprezarem um filho porque haja nascido cego ou mutilado. Seria humana e justa nossa conduta em padrões de menosprezo e desconsideração, perante nossos irmãos que nascem com dificuldades psicológicas?"

( Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Março de 1984 )

Pergunta: Como se explica o homossexualismo à luz da Doutrina Espírita?

CHICO XAVIER : "Temos tido alguns entendimentos com espíritos amigos, notadamente com Emmanuel a esse respeito. O homossexualismo, tanto quanto a bissexualidade ou bissexualismo, como assexualidade, são condições da alma humana. Não devem ser interpretados como fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade. Tanto quanto acontece com a maioria que desfruta de uma sexualidade dita normal, aqueles que são portadores de sentimentos de homossexualidade ou bissexualidade são dignos do nosso maior respeito e acreditamos que o comportamento sexual da humanidade sofrerá, no futuro, revisões muito grandes, porque nós vamos catalogar do ponto de vista da Ciência todos aqueles que podem cooperar na procriação e todos aqueles que estão numa condição de esterilidade. A criatura humana não é só chamada à fecundidade física, mas também à fecundidade espiritual. Quando geramos filhos, através da sexualidade dita normal, somos chamados... também à fecundidade espiritual, transmitindo aos nossos filhos os valores do espíritode que sejamos portadores.

Não nos referimos aqui aos problemas do desequilíbrio, nem aos problemas da chamada viciação nas relações humanas. Estamos nos referindo a condições da personalidade humana reencarnada, muitas vezes portadora de conflitos que dizem respeito seja à sua condição de alma em prova ou à sua condição de criatura em tarefa específica. De modo que o assunto merecerá muito estudo. Nós temos um problema em matéria de sexo na humanidade que precisaríamos considerar com bastante segurança e respeito recíproco. Vamos dizer: se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, na tactividade com que as mãos executam trabalhos manuais, nos pés, se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, para o rendimento no bem, isto é, potências consagradas ao bem e à luz, em nome de Deus, seria o sexo em suas várias manifestações sentenciado às trevas?"

( Entrevista concedia à extinta Rede Tupi de Televisão, São Paulo, ao programa "Pinga Fogo", em 28 de julho de 1971 )

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Religião e homossexualidade


por Ferdinando Martins

Não é difícil encontrar na mídia algum ministro religioso lançar frases discriminatórias e preconceituosas contra os homossexuais. Mais do que propor-se como um elo de ligação entre os seres humanos e o invisível, a religião dita normas de comportamento e transmite visões de mundo que podem se chocar com o que gays e lésbicas sentem e vivem. Numa perspectiva comparada, podemos observar que, de alguma forma, as principais religiões do mundo contemporâneo posicionam-se sobre os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
No judaísmo, a questão central é a aceitação do homossexual como ser humano, embora a homossexualidade seja condenada. Para Henry I. Sobel, presidente do rabinato da Congressão Israelita Paulista, "o judaísmo encara a relação homossexual como anti-natural, contrariando a própria anatomia dos sexos, visivelmente concebido para as relações heterossexuais. Além disso, o ato homossexual obviamente não leva à procriação, que é uma das principais funções da sexualidade humana, embora, certamente, não a única. É importante, entretanto, fazer uma nítida distinção entre o ato homossexual e o homossexual como ser humano. Acredito que o indivíduo, no caso o homossexual, tem que ser aceito pela sociedade, independentemente das suas tendências sexuais serem aprovadas ou condenadas. A meta é integrar o homossexual, e não aliená-lo. O dever da religião em geral e do judaísmo, em particular, é estender a mão àqueles que se sentem marginalizados. Abrir as portas, abrir os nossos corações e não discriminar. Somos todos filhos de um único Deus". No entanto, muitos gays e lésbicas judeus já estão organizados, questionando as interpretações ortodoxas do Talmud e da Torá (os livros sagrados para os judeus), como é o caso do World Congress of Gay, Lesbian, and Bisexual Jewish Organizations (http://www.wcgljo.org ) e do Grupo GLS de Judeus Brasileiros (http://sites.uol.com.br/akiva). Em Israel, as relações homossexuais são permitidas por lei a partir dos 16 anos.
No caso do cristianismo, a questão é mais complicada, dada a diversidade de segmentos que vão desde a Igreja Católica até grupos com uma expressão numérica e geográfica bem menos significativa. A posição da Igreja Católica é bem conhecida: o papa nega, condena e escreve contra, mas a presença maciça de homossexuais na Igreja, até mesmo como líderes religiosos, evidenciam uma contradição entre o que o Vaticano prega e o que de fato é vivido nas paróquias. É o caso da história verídica relatada pela ex-freira Anna França no livro Outros Hábitos (Editora Garamond). Anna conheceu seu primeiro amor lésbico no convento, quando apaixonou-se pela madre superiora Heloar. As igrejas evangélicas também não parecem muito favoráveis à diversidade sexual, conforme podemos comprovar com as contínuas frases preconceituosas de seus pastores, repetidas à exaustão em programas de televisão e panfletos religiosos. Talvez a saída para a não-discriminação no cristianismo esteja sendo encontrada por líderes protestantes mais antenados com o mundo contemporâneo, como é o caso do pastor presbiteriano Nehemias Marien, do Rio de Janeiro (RJ), que realiza casamentos gays e missas com a bandeira do arco-íris.Outro sinal de mudança veio do arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz de 1984, que pediu perdão pelo tratamento dispensado pela Igreja Anglicana aos homossexuais: "Ninguém que seja fiel aos ensinamentos de Cristo pode condenar pessoas com base em sua orientação sexual."
Diferente do judaísmo e do cristianismo, que tiram suas conclusões sobre a homossexualidade a partir de textos de sentido dúbio da Bíblia, os muçulmanos têm um posicionamento mais forte, calcado em versículos do Corão que não deixam dúvidas: as relações entre dois homens (chamadas de lauat) ou entre duas mulheres (sehak) devem ser punidas, em alguns casos até mesmo com a morte. De acordo com o sheik Movaffagh Kaebi, do Centro Islâmico no Brasil, CIB, "Deus criou tudo como macho e fêmea. Em questão de jurisprudência islâmica, por exemplo, um homem não poderá nunca casar-se com uma irmã de outro homem com quem teve relações sexuais". Para Nasser Khazraji, filho de outro sheik, os homossexuais devem procurar tratamento psicológico, posição esta compartilhada por Paloma Awada, também do CIB, que cita Freud e a teoria dos traumas: "Encaramos a homossexualidade como um problema que devemos cortar pela raíz". Para se ter uma idéia do que acontece na prática, um homem que dormir com outro em baixo de um cobertor sem roupa, mesmo sem ter havido sexo, é punido com 90 chibatadas. Duas mulheres em igual situação são punidas com 99 chibatadas! Ui!
A tônica dessas três religiões - cristã, judaica e islâmica - é uma idéia
de sexualidade presa à reprodução e a uma suposta natureza dada pelos aspectos morfológicos do corpo. Líderes judaicos e cristão tendem também a defender a idéia de "amar o pecador, mas não ou seu pecado", ou seja, aceitar o homossexual, mas condenar o seu comportamento sexual. Para o escritor Pedro Almeida, essa postura vem sendo adotada recentemente e pode estar ligada ao interesse dos líderes religiosos de aumentar o número de fiéis, numa época em que cada vez mais as religiões estão sendo esvaziadas. Isso ele presenciou durante o tempo que viveu como membro da LBV, narrada no livro Desclandestinidade (Edições GLS).
Por outro lado, as religiões orientais buscam primeiramente respeitar as diferenças. Para o budismo, o importante é cada pessoa ser responsável pelos seus atos e agir com sabedoria, sem haver um certo ou um errado definitivo.
Segundo Caioco Nagawa, praticante do budismo, o budismo prega sempre a tolerância com as opções individuais em qualquer aspecto da vida, incluindo a sexualidade.
A Associação Espiritural Brahma Kumaris, fundada pelo líder religioso de ascendência hindu Prajapita Brahma, é também bastante receptiva aos
homossexuais. Embora sua doutrina não trate diretamente da homossexualidade, de acordo com a coordenadora nacional da associação no Brasil, Luciana Ferraz, o ser humano é espírito e o corpo é sua vestimenta. Para ela, as causas da homossexualidade podem ser múltiplas, ligadas diretamente a conexões e vivências de vidas passadas."Na Brahma Kumaris, os homossexuais são absolutamente aceitos. Vários professores são homossexuais", relata Luciana. Na Austrália, o Brahma Kumaris tem um serviço espiritual, que promove encontros, retiros espirituais e cursos exclusivamente com homossexuais.
O kardecismo - doutrina religiosa com cerca de 16 milhões de adeptos no Brasil - tem discussões densas a respeito da homossexualidade, muito embora as obras de Alan Kardec não se refiram a ela diretamente. Segundo Mariuccia Marciano, médica, expositora espírita e trabalhadora mediúnica, "o espírito não tem sexo, tem potencialidades masculinas e femininas, que após muitas encarnações atingem um equilíbrio". Nesse sentido, os relacionamentos homossexuais são aceitos sem problemas, desde que haja amor. "O amor é de espírito para espírito". Sobre a freqüência de homossexuais, Mariuccia afirma que é bastante comum, muito embora não conheça nenhum que exponha abertamente sua condição. "Curioso é que os travestis não se travestem para freqüentar os centros, não sei se por respeito ou por vergonha". Como uma mistura de monoteísmo com crenças orientais, o kardecismo fica no meio do caminho: aceita a homossexualidade, mas confina a vida sexual de gays e lésbicas ao celibato, muito embora Mariuccia afirme que "são as pessoas que são preconceituosas, não o espiritismo".
Aceite ou não o direito à diferença, o fato é que as religiões são hoje
obrigadas a se posicionar de alguma forma face aos homossexuais. Não é possível mais ignorar um segmento da população que é cada dia mais visível, com poder de mercado e formador de opinião. E com muito mais coragem de se mostrar para o mundo do que se esconder em catacumbas morais.

O que dizem sobre a homossexualidade e o que acontece na prática

Cristianismo:
Depende da Igreja. Em geral, condenam a homossexualidade. Mas há alguns grupos que tendem à aceitação e pregam a tolerância, como a igreja anglicana e alguns grupos presbiterianos. Apesar da linha dura mantida pela maioria das igrejas, há um expressivo número de homossexuais praticantes, até mesmo ocupando cargos eclesiásticos.

Judaísmo:
Considera como anti-natural. Adota a norma de “aceitar o pecador, mas não o seu pecado”. Judeus gays formam os grupos mais mobilizados de homossexuais religiosos.

Kardecismo:
Aceita a homossexualidade como resultado de conflitos cármicos, mas incentiva o celibato. Não se fala no assunto. Alguns membros são bastante preconceituosos, outros mais abertos.

Budismo:
A homossexualidade não é questão de interesse religioso, mas de cunho pessoal. A vida sexual de seus participantes não é considerada determinante para a vida religiosa. O homossexual, como qualquer outro membro, deve agir com responsabilidade, respeito e a sabedoria.

Hinduísmo:
Aceita a homossexualidade como questão de fundo moral. A mitologia hindu narra histórias de relacionamentos entre criaturas do mesmo sexo. No Ocidente, parece integrar bem os homossexuais. Resta saber o que acontece nos países orientais, com suas rígidas barreiras sociais.

Islamismo:
Condena abertamente a homossexualidade e o homossexual. Homossexuais ou mesmo atos homossexuais esporádicos são punidos severamente.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

João Edélcio - Inesquecível... - Parte 02


Final de semana inacreditável...
Eu não entendia bem o que estava acontecendo entre eu o João, mas era algo muito diferente que tinha experimentado até em tão em toda minha vida...
Mas, era muito cedo para pensar ou saber algo concreto...
No domingo fui a Túnnel, na Bela Vista, como tinhamos combinado...
Quando cheguei lá, eram umas 19:00hs, estava ele lá me esperando na porta...
Entramos e fomos guardar nossas coisas na chapelaria...
De repente, ele me pega pela cintura, me levanta e começa a me rodar...
Nunca tinham feito isso comigo e na verdade nunca deixei que me tocassem muito...
Com ele, deixei rolar e foi uma sensação muito gostosa... Não sei porque, mas confiava no João como nunca fiz com nenhum cara...
Como disse, ao lado dele não ligava para nada, nem para ninguém...
Foi naquela noite que nos beijamos pela primeira vez...
Bom, e não foi apenas uma vez... rs
Na hora de ir embora, fomos juntos caminhando...
Ele disse que estava gostando muito de estar comigo, que tinha adorado ficar comigo e eu falei: "mas, não quer nada sério agora...". Ele riu e confirmou com a cabeça...
Eu disse que também não queria nada sério naquele momento, que deixássemos rolar... Se tivesse que acontecer aconteceria... Ele riu...
Uma característica nossa, era que nossos pensamentos se cruzavam a todo momento...
Geralmente um já sabia o que o outro estava pensando e geralmente não era necessário nem terminar de falar algo... Estranho né?! Eu achava também e meio mágico...
Outra coisa é que um namoro me dava medo, acho que até hoje... Eu gostava mesmo é de sair para me divertir...
Confesso, era meio galinha, gostava de sair, ficar trocando de lugar a cada três horas mais ou menos e geralmente acabava ficando com um cara por boate...
É tão bom beijarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rs.
Mas, não saia a procura disso, acabava acontecendo... As únicas vezes que tinha namorado, me senti preso ou me decepcionei...
A semana passou e eu encontrei novamente o João... Na sexta, no sábado e no domingo... rs
E assim fomos nos vendo, fomos ficando, foi rolando... Às vezes ele saia comigo, às vezes não e sem neuras...
Também acontecia dele querer ir a um lugar e eu a outro e depois nos encontrávamos... Tudo com muita paz, com muita tranquilidade, com muita confiança... Era maravilhoso...
Mas, ao contrário disso, em minha casa estava havendo uma verdadeira batalha: eu e minha mãe.
Apesar de sermos amigos desde que me conheço por gente, ela não aceitava o homossexualismo...
Não era declarado, mas ela sabia, claro que sabia... Tinha tentando me mandar para casa de sua irmã no Paraná, mas eu tinha me recusado a ir.. Nem sabia quem era essa minha tia...
Ela pensava que lá, eu teria uma vida diferente, com menos liberdade talvez não teria como sair tanto... Afinal seria uma nova casa, novas regras...
Na cabeça dela, a vida que eu estava vivendo era errada... Eu estudava e saia sempre. Tinha um negócio próprio, algumas vendedoras ambulantes, que me davam uma boa renda mensal...
Fiquei sabendo anos mais tarde, que ela ficou sabendo de minhas aventuras, pois tinham me visto de mãos dadas com outro homem na rua... Com certeza foi com o João, pois só com ele fiz isso.
Consolação, Avenida Paulista à noite é gay... Tínhamos a liberdade para isso...
Naquela época, nunca tinha escutado um caso de homofobia....
Bom, como escrevi, enquanto eu e o João estávamos ótimos, eu e minha mãe parecíamos cão e gato.
Não vou entrar em mil detalhes aqui, mas ela começou a entrar em contato com os irmãos e irmãs que a anos não via, alguns a mais de 30 anos... Tudo com apenas um intuito: me mandar para o Japão, longe daquela vida...
Eu nem sabia de nada quando num belo domingo, ao chegar em casa pela manhã, depois de ter ficado com o João, rs, ela me avisa que iríamos almoçar na casa de uma irmã dela.
Eu fiquei muito feliz, pois sempre tive vontade de conhecer a família dela, nunca tinha visto ninguém até então, apenas a família de meu pai, que por sinal, tratava a minha mãe e a mim como "Aliens". Eram todos italianos e super preconceituosos...
Minha mama era tratada como "A Japonesa" e eu como  "O Filho da Japonesa". Meu irmão tinha escapado disso, porque era um mestiço bem mais brasileiro, com cabelos encaracolados...
Sem eu saber da armadilha, fui todo feliz pra casa de minha tia!!!
Lá para meu espanto, estavam não apenas ela, mas como também mais uma de suas irmãs e mais um irmão...
Aquilo estava sendo mágico para mim, uma felicidade completa! Estava conhecendo finalmente a origem de minha mãe! O marido dessa minha tia, me mostrou vários álbuns de fotos. Vi minha mama pequena, seus irmãos e principalmente, a foto de meus avós, que nunca tinha visto...
No decorrer do dia, que estava sendo maravilhoso, minha mãe comentou que eu estava querendo vir para o Japão... Eu por um momento congelei, mas deixei o papo rolar, porque sabia que não ia dar em nada, como não tinha dado da outra vez...
Deixa eu contar, da outra vez, meses antes, estava querendo vir para cá. Minha mama sempre manteve contato com a irmã do Paraná, nunca se viam, mas mantinham contato.
Esta quando soube do meu interesse em vir para cá, passou o telefone de um primo que poderia me ajudar na época, que tinha ido para o Brasil para casar e me ajudaria com certeza.
Eu entrei então em contato com esse idiota (você saberá o porque o chamo assim daqui a pouco) e fiz tudo que ele mandou: documentos, dinheiro e etc...
Eu estava trabalhando na época e acabei pedindo demissão, na verdade fiz aquele acordo para não perder o fundo de garantia... Quando estava tudo certo, que tinha feito tudo que ele tinha pedido, liguei para ele como o combinado... Não conseguia achá-lo, ora estava viajando, ora na casa da família da esposa, ora simplesmente tinha saído...
Quando finalmente nos falamos, ele disse que estava muito ocupado e que não podia me ajudar... E desligou o telefone...
Imaginem minha situação... Tinha pedido demissão e tinham desligado o telefone na minha cara...
Eu depois daquele dia, decidi ficar é no Brasil e viver minha vida. Japão: nunca mais!!!
Nesse dia, na casa de meus tios, fiquei sabendo que o desgraçado me fala pra todo mundo que eu tinha pedido dinheiro para ele... Pode?! Eu tinha dinheiro para passar meses no Japão! 
O que tinha acontecido na verdade são duas coisas: primeiro a mãe dele que é cunhada da minha mãe, se odeiam... E segundo, ele tinha tempo para ficar aqui, a firma onde eles trabalhavam, tinha dado um determinado número de dias para eles ficarem fora, mas com o casamento e tal, os dias tinham corrido mais rápido que o esperado e quando eu liguei, ele não tinha como me ajudar, mas em vez de falar isso, preferiu mentir, colocando a culpa em mim...
Juro, que ainda hoje tenho vontade de quebrar a cara desse palhaço e depois perguntar o porque que o idiota fez isso. Não presta mesmo!
Voltando... Meus tios se espantaram por saber a verdade, mais ainda um deles, que era o pai do garoto FDP!!!
Todos então me perguntaram se eu realmente queria ir como minha mãe estava dizendo. Eu só reparava nos olhares de minha mãe... Imaginem, ela longe de todos a praticamente a 30 anos (ela que fugiu por sinal), aparece do nada, separada, como dois filhos... Todo mundo sabe como os japoneses são conservadores... Imaginem a situação. Qualquer palavra errada minha, a moral dela cairia mais do que já estava caída...
Apesar das brigas e desentendimentos, eu e minha mãe sempre fomos amigos, e eu sabia muito bem que a situação dela ali era delicada... Todos temos orgulho e eu não queria ferir o da minha mãe de jeito algum...
Então confirmei que queria ir e combinamos de nos encontrar no dia seguinte no Bairro da Liberdade, em uma agência que eles conheciam...
Apesar de um pouco preocupado, nem liguei, ainda mais com a sorriso da minha mãe, tanto por eu não ter a contrariado na frente de todos, como por alegria por estar entre os seus... Acredito que também estava alegre porque sabia que ali, seu plano para me mandar pro Japão estava começando a dar certo...
Apesar de não ter dormido, estava bem e fui me encontrar com o João. Não disse nada a ele, porque pensava que não ia dar em nada esse papo de ir pro Japão...
Estávamos ótimos, vivendo como nunca tinha vivido... Eu estava "amando"?! Não sei, mas que estava vivendo algo muito bom, eu estava...
Naquele dia passamos apenas algumas horas juntos, cada um foi para sua casa, afinal, ele tinha que trabalhar no dia seguinte e eu tinha que encontrar com as irmãs de minha mama.
Eu e minha mãe fomos como combinado. Falamos com a moça da agência que pediu para voltarmos na quarta com mais documentos. 
Na quarta apareceu outra tia, esposa na verdade de meu tio mais velho, japonesa.
Estávamos então eu, minha mama e minhas outras três tias na agência conversando com a mulher.
Todas estavam sentadas juntas, ao meu lado direito e eu praticamente sozinho do outro lado. A mulher analisava meus documentos e conversava com minhas tias e olhava para mim... Assim foi, até a questão do visto foi vista e estava tudo tranquilo, pois essa minha Tia Japa tinha contatos no consulado japonês e meu visto sairia na hora...
Ai de repente, a mulher vira pra mim e diz (era quarta-feira): "Bom, está tudo certo então com seus documentos. Você pode embarcar quinta-feira da semana que vem?!".
Eu não sei como você está se sentindo ao ler isso, mas eu travei malandro!!!
Parecia uma cena de filme, onde o personagem é pego de surpresa e simplesmente não só congela, como começa a suar frio... Do outro lado da sala, porque ela me parecia enorme nesse momento e eu me sentia sozinho, estavam minhas tias olhando para mim e minha mãe atrás delas... Elas pareciam que estava com os olhos maiores do que o normal, todas esperando minha resposta... Sabia que a moral de minha mama estava em jogo e a minha também, afinal eu tinha aquele problema com aquele meu primo cretino...
Foram segundos, que mais pareciam séculos.... E eu simplesmente disse: "Sim, tudo bem"...
Minhas tias sorriram felizes, minha mãe respirou aliviada e a moça da agência sorriu satisfeita com mais um negócio fechado...
E eu?! Eu estava me sentindo péssimo, precisava sair dali urgentemente, aquela sala...Suava frio, minha cabeça rodava... 
Quando finalmente consegui não apenas sair, mas como ficar sozinho, só conseguir me sentar num lugar qualquer antes que caísse ao chão...
Sabia que tinha apenas mais oito dias de Brasil e tinha duas opções: ou eu enlouquecia ou encarava a situação de frente! E decidi encarar, porque tinha que ser feito!
Posso parecer um pouco dramático quando escrevo meus sentimentos, mas não fico no drama por muito tempo, não dá, não sou assim...
Assim, levantei e segui. Liguei pra algumas pessoas lá da rua mesmo, contando que estava partindo...
Mas, eu estava nervoso, com o coração a mil por hora... O que eu iria contar para o João?!
Na sexta nos encontramos... Eu não sabia o que falar, ainda mais porque ele tinha dito que não iria sair aquela noite, que eu poderia ir sozinho... E fui, sem dizer uma palavra...
No sábado nos encontramos. Fomos para uma boate e cheguei para ele e disse: "Estou indo quinta-feira que vem para o Japão".
Lembro-me do olhar dele quando falei isso. Essa imagem ficou congelada em minha mente...
Ficamos ali, parados, um olhando para o outro sem dizer qualquer palavra... Até que ele me abraçou e assim ficamos durante um longo tempo...
Naquela noite não trocamos uma palavra sequer. Ficamos juntos, abraçados a noite toda. Íamos a algum lugar calados, abraçados, juntos.
No final, combinamos de nos encontrar no dia seguinte para eu contar o porque que eu estava indo. O que tinha acontecido realmente. Disse que precisava contar para ele tudo, pois não tinha culpa... Ele concordou e nos despedimos com um abraço que durou uma eternidade.
Era uma dor tão grande que estávamos sentindo... Um misto de dor e choque... Não dava pra falar.
No domingo eu tinha ido passar o dia com meu pai e avó. Tinha ido me despedir deles. Todos estavam surpresos, estava sendo tudo muito rápido... Contra a vontade deles e a minha, me despedi por volta das 18:00hs, pois tinha que ir ver o João...
Fui, esperei.... Ele não apareceu... Fui em todos lugares que conhecia e ele não estava em lugar algum... Perguntei para nosso amigos em comum e ninguém tinha visto ele...
Voltei para casa, triste arrasado...
Eu tinha que falar com ele, tinha que contar o que tinha acontecido, tinha que falar, ele tinha que me escutar!!!
Tentei ligar para ele e nada, não conseguia falar com ele.
Um amigo, não me lembro o nome, disse que tinha conseguido falar com ele e que ele tinha combinado de me ver na quarta-feira num barzinho que íamos sempre...
Lá estava eu novamente a espera de João, mas ele novamente não apareceu...
Nem preciso dizer o quanto estava triste...
Bom, o tempo passou.
Em 1998 fui ao Brasil e tentei falar com ele, mas foi inútil, não o achei...
Em 2000 fui ao Brasil novamente e tentei falar com ele novamente... Apesar dos anos terem passado, eu ainda sentia a necessidade de contar para ele o que tinha acontecido...
Falei com a mãe dele várias vezes e fiquei sabendo que ele estava morando com um outro rapaz.
Isso não tinha importancia para mim, eu não queria voltar com ele, ainda mais que nem no Brasil morava, mas precisava falar com ele!
Deixei recado, deixei telefone para contato, até o dia que ia voltar para o Japão deixei. A mãe dele disse que tinha dado todos os recados e então eu decidi que era a vez dele querer ou não me ouvir, me encontrar...
Quando parti do Brasil em 2000 e ele não tinha me ligado ainda, decidi que tinha feito minha parte...
João Edélcio, Inesquecível, meu querido e amado tinha ficado para trás e nossa história finalmente tinha acabado.
Um "ponto final" para que eu vivesse em paz, pois tinha feito minha parte!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

João Edélcio - Inesquecível... - Parte 01


Na minha adolescência sempre gostei muito de sair.
Fosse de dia, para ir a um museu, escalar um montanha, ou a noite, a um restaurante, barzinho ou boate...
Gostava muito de dançar.
Saia para me divertir, dar risada, conversar com os amigos da "turma", paquerar, ser paquerado... rs
Tirar o estresse da semana... rs
Eu e o Adriano (amigo inseparável na época) sempre nos encontrávamos em algum barzinho antes de tudo.
Lá acabávamos encontrando o resto do pessoal, que me perdoem, mas não lembro os nomes...
Num dia especial em 1996, estávamos conversando, vendo para onde íamos, quando chegou um amigo do Adriano, o João Edélcio...
Um carinha lindinho, mas serei sincero quando digo que naquele momento nada percebi, o que queria mesmo era sair para dançar...
- Onde vamos?! perguntava um
- Vamos "em tal  lugar"! dizia outro...
- Ah não! Vamos "em tal"... e assim foi até que decidiaram ir a Mad Queen.
Eu não queria ir lá naquela noite, era longe de onde estávamos...
O João insistiu para eu ir, pois eu tinha dito que iria para casa... rs
Não entendi bem porque ele "insistia tanto", mas isso ficou em minha mente...
Acabei concordando...
Pegamos um táxi e lá foi a "bicharada"... rs
Fiquei horas dançando com meus amigos e nem vi o tempo passar.
Era muito gostoso.
Nossa turma gostava de dar risada, dançar, se divertir...
Ninguém tomava conta da vida alheia. Éramos unidos e nos respeitávamos...
E aos outros também... rs
Bom, num determinado momento me lembrei que o Adriano tinha me falado que o amigo dele estava afim de mim... rs Nem sei porque lembrei disso naquele momento...
Um pouco cansado, resolvi andar um pouco, ir ao terraço, tomar alguma coisa, fumar um cigarro e descansar um pouco...
Estava subindo a escada quando o João estava descendo...
Logo que me viu, abriu um sorriso e perguntou aonde estava indo...
Eu muito sutil, peguei no braço dele e disse que "estávamos indo ao terraço". Ele deu risada e me acompanhou...
Ficamos lá, conversando um pouco, paquerando um ao outro...
Existe coisa mais gostosa pessoal?!
Fomos para pista de dança depois dançar um pouco. Depois voltamos para o terraço e assim a noite passou...
Foi uma noite deliciosa, do jeito que eu gosto...
A semana passou rápido e acabamos nos encontrando novamente na sexta-feira...
Não sei explicar como, mas ficávamos abraçados, fazendo carinho um no outro... Os olhares dos amigos foram inevitáveis e já diziam que tinha namoro na parada! rs
Na verdade eu e o João simplesmente estávamos fazendo carinho um no outro. Nada demais... rs
Eu queria sair pra dançar aquela noite, mas ele estava muito cansado e queria ir pra casa dormir.
Disse que tinha ido lá só para me encontrar... Fiquei feliz né?! rs
Eu disse que tudo bem, que entendia... E entendia mesmo! Eu tinha um pique daqueles e raramente passava a noite numa boate só... Andava a madrugada inteira... rs
Ele me perguntou se eu queria "dançar" mesmo ou outra coisa... Disse que sim, que só queria dançar, que não pretendia fazer mais nada. Ele disse que confiava em mim e que eu fosse então... rs
Foi muito legal, apesar de não estarmos envolvidos "oficialmente", ele falar aquelas palavras...
Outro cara provavelmente ficaria com ciúmes ou coisa do tipo...
Eu fui dançar e ele foi pra casa... rs
No dia seguinte, sábado, nos encontramos novamente. Ele não queria ir a uma boate, então fomos ao um barzinho fechado, com pista de dança que ficava na Alameda Franca (eu acho e não lembro o nome também... rs).
Era um lugar bem arejado, bem iluminado. Bem diferente e uma delícia...
Lá ficamos conversando, dançando... A música que marcou foi "Não Quero Dinheiro" do Tim Maia.
Cantamos um para o outro literalmente...
Era um sentimento tão estranho que estava nos envolvendo... Parecia mágica... Parecia que tudo se encaixava...
Em um momento, quando estávamos abraçados, ele tocou na minha bunda... rs e eu não gostei... rs
Ele disse que eu era machista e eu achei um absurdo! Como um gay podia ser machista?!
Pois ele me explicou direitinho... rs
Podem achar meio idiota, mas eu estava adorando estar com ele. Não ficamos novamente naquela noite e nem sei mesmo o porque que não aconteceu e também não senti falta de nada...
Pela primeira vez na vida sentia que alguém me completava. Pela primeira vez sentia bem de apenas estar ao lado de uma pessoa...
Nos tocávamos a toda hora e isto bastava...
A troca de olhares, os sorrisos, a paquera... Dançar, cantar... Viver...
Naqueles momentos em que estávamos juntos, não era necessário ser quem eu não era, fingir algo, jogar para conquistar, falar coisas bonitas ou inteligentes... Bastava sermos nós mesmos...
Ele mesmo confessou que estava adorando, que a muito não podia ser com alguém o que era realmente sem se importar com nada...
Mas, durante aquela noite clara, toda iluminada, uma questão muito importante foi dita, sem que nos déssemos conta...
Eu sou mestiço e ele percebeu...
Disse que a irmã tinha se casado com um e estava no Japão... Ele me perguntou se eu pensava em vir para cá, pois não iria suportar uma perda dessas...
Eu jurei que não viria, afinal nem passava pela minha cabeça vir para cá naquela época. Já tinha tentado vir, mas como não tinha conseguido e minha vida estava ótima no Brasil....
Ele me fez jurar e eu jurei...
E assim, continuamos nossa noite mágica...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Alejandro... Uma grande paixão - Parte 02


(original em cores)

O final do ano chegou...
Eu não me lembro aonde passei, mas lembro-me que Alejandro estava decidido a viver uma nova vida em 2008.
Tinha escrito uma carta para seu "namorado" do Brasil onde terminava tudo. Disse ele que colocou na caixa do correio no primeiro dia do ano!
Começamos a nos ver menos, ele estava mudado...
Várias vezes falava que vinha jantar em casa e acabava não vindo...
Eu ficava muito chateado e puto ao mesmo tempo, pois ele dizia que iria vir eu não convidava e ele acabava não vindo...
Eu acabava ficando em casa feio um besta, com a janta pronta e nada dele...
Ligava várias vezes no celular e ele não atendia...
Até um dia que fui até o orelhão perto de casa e liguei para ele... Ele atendeu... Afinal não aparecia o número de quem estava ligando... Ele se assustou, falou meia dúzia de palavras e desligou...
Na segunda-feira apareceu com a cara mais lavada, com aquela voz doce dando alguma desculpa e eu aceitei... aff! agente é tão bobo quando está apaixonado...
Isso aconteceu várias vezes...
Mas, um dia em especial me magoou profundamente...
Em fevereiro de 2008 recebi um telegrama da irmã de meu pai dizendo para ligar para ela urgente...
Quando liguei recebi a notícia: minha avó tinha falecido...
O mundo naquele momento para mim acabou... Sei que sou espírita, mas não estava preparado para isso... Foi muito repentino...
Quem convivia comigo sabia o quando eu amava minha avó! Ela era minha razão de viver!
Tinhamos planos, acreditam?!
Ela viria morar aqui comigo! A notícia de seu desencarne foi um choque para mim...
Meu amigo Sandro ficou preocupadíssimo, estava ao meu lado quando liguei para minha tia...
Isto aconteceu de sexta para sábado...
Sandro ficou o máximo que pode comigo naquela noite. Queria ficar mais, mas no sábado iria trabalhar...
Alejandro estava trabalhando a noite e não sabia de nada. Como ele e Sandro trabalhavam na mesma empresa, se cruzaram e Sandro deu a notícia para ele.
Alejandro veio logo cedo para casa ficar comigo.
Eu estava um caco realmente, não sabia o que pensar ou fazer...
A noite, Alejandro quis ir a seu apartamento, pois seu pai iria passar por lá, mas deixou bem claro que eu o esperasse, pois ele iria passar a noite comigo.
Eu agradeci, mas disse que não precisava, pois Sandro já tinha ligado avisando que iria ficar comigo.
Alejandro disse que não, ELE iria passar a noite comigo.
Fiquei feliz e agradeci...
Logo após ter chego do trabalho, meu amigo Sandro veio me ver. Ficou um tempo comigo, insistiu para passar a noite comigo, mas eu recusei, agradecendo sinceramente sua amizade.
Apesar de não ter dormido nem um minuto sequer desde que falei com minha tia, não tinha sono. A imagem de minha avó vinha a toda hora a minha cabeça... E a forma que morreu também... Pois por mais insensível que pareça, minha tia contou todos os detalhes...
Sinceramente acho que ela podia ter me poupado de tantos detalhes... Pois sofri muito durante anos...
Bom, as horas foram passando, passando... 20:00hs, 21:00hs, 23:00hs....
Liguei várias vezes para Alejandro... ele não atendia nenhuma ligação...
Eram quase oito horas da manhã de domingo quando eu liguei para ele pela última vez naquele dia e ele não atendeu...
Eu ainda estava esperando-o! Ele tinha me prometido que voltaria! ELE não deixou que eu passasse a noite com meu amigo, porque ELE viria ficar comigo!
Não podia acreditar que ele faria algo assim comigo! Não numa ocasião tão especial...
Mas, ele não veio, não ligou... nada... simplesmente nada...
Na segunda tinha que ir trabalhar, por mais abalado que estava, trabalho é trabalho.
Um outro amigo que morava no prédio, o Fernando, me dava carona todo dia de manhã, pois trabalhávamos na mesma empresa...
Estávamos conversando quando ele me conta que encontrou o Alejandro na disco no sábado a noite...
O Fernando não sabia nada sobre minha homossexualidade... Meu amor por Alejandro...
Quando ele me falou isso, eu juro que vi tudo rodar, pensei que ia desmaiar...
Nossa, parece que estou vendo esta cena na minha frente novamente...
Ele dirigindo o carro, um frio de congelar, falando, falando e de repente tudo parecia longe, distante...
De repente, pow! Fernando freou o carro com tudo e me sacudiu perguntando se eu estava bem!
Eu voltei do nada e fiquei sem graça, sem saber o que falar, mas ele pediu mil desculpas por estar falando sem parar e nem ter perguntado como eu estava por ter perdido minha avó...
Que Deus me perdoe, mas não podia falar a verdade e também acredito que naquele momento tudo veio a minha mente...
A dor de ter perdido minha avó era grande demais... E ter descoberto que Alejandro me deixara sozinho para ir a disco?! Chorei, chorei ali mesmo sem conseguir me conter...
Me senti sozinho, abandonado, um lixo...


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Barão Vermelho - AMOR, MEU GRANDE AMOR


Amor, meu grande amor, não chegue na hora marcada
Assim como as canções, como as paixões e as palavras
Me veja nos seus olhos na minha cara lavada
E venha sem saber se sou fogo ou se sou água
Amor, meu grande amor, que chega assim bem de repente
Sem nome ou sobrenome, sem sentir o que não sente

Pois tudo o que ofereço é meu calor, meu endereço
A vida do teu filho desde o fim até o começo

Amor, meu grande amor, só dure o tempo que mereça
E quando me quiser que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver que eu seja o último e o primeiro
E quando eu te encontrar, meu grande amor, me reconheça

Pois tudo o que ofereço é meu calor, meu endereço
A vida do teu filho desde o fim até o começo

Amor, meu grande amor, que eu seja o último e o primeiro
E quando eu te encontrar, meu grande amor, por favor me reconheça

Pois tudo o que ofereço é meu calor, meu endereço
A vida do teu filho desde o fim até o começo...

Alejandro... Uma grande paixão - Parte 01

Final de 1997...
Eu e meu amigo Sandro (nome fictício) estávamos como sempre conversando.
Trabalhamos juntos alguns meses antes dele mudar para outra filial.
Nos tornamos grandes amigos, afinal éramos os únicos gays que conhecíamos... rs
Mas, como morávamos no mesmo prédio e éramos super amigos, sempre no víamos quando sobrava um tempinho ou nossos horários batiam...
Neste dia em particular ele estava mais animado do que o costume, pois tinha entrado um rapaz novo onde trabalhava e ele contava a novidade...
Deu para perceber que o rapaz tinha chamado sua atenção...
Eu ouvia tudo atentamente, adorava conversar com ele, mas desde o momento que ele começou a falar deste rapaz algo dentro de mim começou a me incomodar...
Não sabia dizer o que era. Uma sensação, um sentimento estranho.
Me contive é claro, mas não deixei de sentir isso nenhum momento...
No fim da conversa meu amigo falou bem assim: "Se ele for gay, é meu!".
Senti que aquilo tinha sido um aviso... Não apenas um comentário... rs
Eu ri e disse a ele que sem problemas.
E realmente pensei assim, pois nada mais justo!
Bom, depois desse dia eu fiquei inquieto. Ele sempre vinha me contar sobre o tal rapaz e sempre sentia algo esquisito dentro de mim.
Num sábado meu amigo decidiu me apresentar o famoso "rapaz".
Fui apresentado ao "Alejandro" (nome fictício) e parece que eu ia explodir por dentro...
Me contive é claro, mas estava com a nítida sensação que já o conhecia, que aquilo era um reencontro...
Acredito que ele não tenha tido os mesmo sentimentos, mas eu parecia mais um vulcão em erupição... rs
Olhava para ele e cenas vinham a minha mente, sentimentos, emoções que eu nem sabia de onde vinham...
Pude perceber que para ele não foi indiferente ter me conhecido.
Toda vez que nossos olhares se cruzavam, era como se algo nos conectasse...
O tempo foi passando, eu e Alejandro nos tornamos mais íntimos o que Sandro não gostou nada nada...
Não foi nada proposital... Foi acontecendo...
Quando percebi, estava apaixonado por Alejandro...
Todo final de semana nos reuníamos para fazer o Evangelho no Lar. Eu, Sandro e Alejandro.
Quando acabava, ficávamos conversando um pouco e os dois iam embora...
Na verdade, Alejandro apenas fingia ir. Chegava a um certo lugar e voltava para minha casa.
Não era por maldade, mas ele sabia que o Sandro não iria deixar-nos sozinho, pois sentia algo por ele.
Ele voltava para minha casa porque queria. Ficávamos conversando, assistindo novela, deitados, lado a lado.
Jantávamos e tudo mais.
Lembro-me que na época passava Anjo Mau, O Amor está no Ar.... etc... rs
A programação vinha gravada em fitas de vídeo cassete e ele trazia para assistirmos.
Me sentia culpado por estar fazendo isso com meu melhor amigo na época, o Sandro, mas era o Alejandro que queria as coisas assim... E eu também. Afinal, era a única maneira de ficarmos sozinhos...
Numa noite de sábado, como normalmente faziamos, estamos lá, conversando, fazendo massagem um no outro quando tudo rolou...
Ficamos apenas... Mas, foi muito gostoso...
Lembro-me que uma certa hora coloquei a música "Só Você" do Fabio Jr. (trilha sonora da novela "Por Amor") e ele falou: "É pra mim? Obrigado...." rs
Demos muita risada.
Foi bom, adorei ter ficado com ele e tal...
Nem preciso dizer que eu estava radiante... rs
Sandro dizia que eu estava diferente, que parecia apaixonado, que estava com os olhos brilhando...
Não sei se era verdade ou ele estava "jogando verde para colher maduro", mas eu sempre dizia que era coisa da cabeça dele...
Lembro-me de um dia em particular: escutei várias vezes a música : Amor, meu grande Amor" do Barão Vermelho. Com a janela aberta e meio alto.
No dia seguinte ele me viu e disse: "Nossa alguém deve estar apaixonado... Porque escutou várias vezes a mesma música...".
Me calei...
Na verdade não sabia o que dizer a ele. O que poderia falar?! Que estava apaixonado e que tinha ficado com o cara que ele estava gostando?! Porque era nítido que ele sentia algo por Alejandro...
Eu e Alejandro continuávamos a nos ver. Nunca mais tinhamos ficado ou falado algo sobre sentimentos, mas continuamos a fazer as mesmas coisas...
Um dia assistindo um dos capítulos de "Por Amor", um dos personagens não aguentando mais, declarou-se apaixonado pela outra personagem...
Eu, muito besta, me vi ali, falando com Alejandro e acabei fazendo-o...
Alejandro, quando comecei a falar tentou mudar de assunto, mas eu insisti. Falei tudo que sentia...
Ele disse que não sabia o que responder, que estava confuso...
O que não disse é que ele estava ainda com outro cara. Ele morou junto com este cara durante um ano no Brasil e não tinha terminado ainda quando veio para cá.
Em várias conversas que tivemos ele dizia que gostava do outro, mas que não queria mais nada com ele...
Voltando... rs
Disse que eu, melhor do que ninguém, entenderia que naquele momento ele não sabia o que dizer...
Ele disse que iria me responder assim que "resolvesse" o problema do namorado que tinha ficado no Brasil...
Eu deixei bem claro que não tinha pressa e que entendia perfeitamente, mas que precisava ter falado sobre o que sentia, afinal, é melhor se arrepender do que fizemos do que ficar a vida toda nos perguntando "o que seria se eu tivesse feito...".
Para mim nada tinha mudado, apesar de ter tirado aquele peso, aquela dúvida de falar ou não sobre minha paixão.
Esta bem, feliz, resolvido...
Agora era esperar pela resposta de Alejandro.
Ele disse que ia me responder e eu estaria ali, esperando sua resposta...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Me ocupando... rs


Não sabia o que escrever estes dias...
Não quero montar um daqueles blogs que a pessoa só coloca notícias que se acha pela net...
Não que seja contra, muito pelo contrário rs, acho muito legal, mas quero escrever o que realmente sinto...
Como diz o título do blog: Eu sinto algo...
Mantive-me ocupado este fim de semana.
Não tinha o que fazer, mas inventei... rs
Casa sempre tem algo para fazer... rs
Terminei um relacionamento a pouco, pois descobri que não estou preparado no momento para um namoro sério...
Na verdade não sei se é isso ou se não me apaixonei...
Deixa eu contar...
Não suporto a noite GLS Japonesa...
Fui duas vezes e sinceramente odiei!
Por isso, fico nas salas de bate-papo procurando amizades ou algo mais... rs
Não pense que entro todo dia, porque não entro mesmo...
Não tenho mais paciência para isso. Costumo entrar nos feriados apenas.
Para quem não sabe, os grandes feriados aqui no Japão são três e duram na média de 10 dias.
Tem de dezembro para janeiro, de abril para maio e em agosto.
No de agosto desse ano eu entrei e acabei conhecendo o "Fábio" (vamos chamá-lo assim rs).
Sansei puro, 30 anos e tal.
Nos conhecemos pessoalmente e no fim acabamos namorando...
Como ele mora em outra cidade, nos víamos a cada 15 dias.
Uma ótima pessoa, um ótimo companheiro, mas eu não consegui sentir o mesmo por ele.
Não sei se é porque ando passando por vários problemas, mas sabe quando não bate aquele sentimento?!
Me senti péssimo e depois de um tempo acabei terminando...
Não achei justo ficar com ele, prender ele sem estar apaixonado e ver que ele estava...
Sou muito exigente eu acho rs
Uma coisa que não senti nele foi "força", sabe?
Tipo, não sei explicar direito...
Tipo, eu faço tudo sozinho, luto, passei por várias coisas e não senti que ele seja uma pessoa "firme", "determinada"!
Enfim acabou... rs


E como não estou afim de nada com ninguém, ou não achei ninguém que fizesse meu coração bater mais rápido, procuro me manter ocupado... rs
Como já dizia minha avó: "Mente vazia oficina do diabo"... rs

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

David Bowie - As The World Falls Down (tradução)



Falei a pouco sobre meu primeiro amor... rs
Senhor "O" sempre colocava este filme quando ia na locadora...
Acredito que não era para mim e sim porque ele gostava...
Mas, essa música faz parte da minha vida e decidi colocar a letra aqui pois é linda...

"Quando O Mundo Cair"

Há um amor triste
No fundo dos seus olhos
Um pouco pálido
Abra e se aproxime
Dentro dos seus olhos
Eu colocarei o céu
Dentro dos seus olhos

Há um coração enganado
Batendo rapidamente
Á procura de sonhos novos
Um amor que irá durar
Dentro do seu coração
Eu colocarei a lua
Dentro do seu coração

Quando a dor acaba
Não faz sentido pra você
Toda emoção se foi
Não foi tudo muito divertido
Mas eu estarei lá por você
Quando o mundo cair

Caindo
Me apaixonando

Eu pintarei suas manhãs de ouro
Eu irei deixar suas noites de amor
Apesar de sermos estranhos até agora
Estamos escolhendo o caminho
Entre as estrelas
Deixarei meu amor
Entre as estrelas...

Para assisitir o vídeo clique aqui.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma lembrança ruim: Violência no ônibus - Homofobia?!


Dois blogs que eu sigo estão falando hoje sobre homofobia.
Sou sincero em dizer que já ouvia falar sobre isso, mas não sabia ao certo o que era.
Hoje. lendo os blogs Quero um amigo gay e Passageiro do Mundo, que realmente entendi o significado disso...
Automaticamente tive um certa lembrança que me assusta até hoje...
A uns 20 anos atrás, quando eu morava ainda no Brasil, estava dentro de um ônibus lotado.
Se eu não me engano, era o último daquele dia...
Já se passava da meia-noite e estava sentado bem na frente...
Derrepente começou um "auê".
Parei para prestar atenção e ouvi um rapaz xingar um outro, chamando-o de viado.
Gritava:

- Que tá olhando seu viado?!
- Eu não sou bicha nãoooo!!!
- Tá afim de levar porrada?!

E assim foi...
O cara tentou ignorar o tempo que pode, mas depois começou a retrucar dizendo que não estava olhando para ele e tal.
Outros caras começaram a implicar com o rapaz também e no fim começaram a bater nele.
Até o motorista começou a xingar o pobre coitado...
Parou o ônibus a pedido dos rapazes que batiam no rapaz.
Abriu a porta do ônibus e vi quando jogaram ele pra fora...
Eu fiquei estático durante toda a viagem para casa. Estava assustado, nunca tinha visto tanta violência na minha vida, digo, ali, na minha frente.
Tinha me mudado a pouco com minha família para aquele lugar...
Lembro-me que não me mexia de tanto pavor, medo...
Fiquei pensando no pobre rapaz, que derrepente nem era um homossexual e estava na rua, sabe lá em que estado, longe de casa e no frio, pois era inverno...
Tudo por causa de um idiota...
Fico pensando uma coisa, tudo bem, derrepente o rapaz até que ficou olhando o outro, paquerando, mas se o outro não ficasse olhando ou dando "trela" não teria percebido os olhares do outro, não é mesmo?!
Agradeço à Deus por nunca ter passado por algo assim, mas fico pensando em quantos de NÓS já não passaram por isso...

O que é a homofobia?



O que é a homofobia?

Homofobia caracteriza o medo e o resultante desprezo pelos homossexuais que alguns indivíduos sentem. Para muitas pessoas é fruto do medo de elas próprias serem homossexuais ou de que os outros pensem que o são. O termo é usado para descrever uma repulsa face às relações afectivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, um ódio generalizado aos homossexuais e todos os aspectos do preconceito heterossexista e da discriminação anti-homossexual.

O que é o heterossexismo?

O termo "heterossexismo" não é familiar para muitos porque é relativamente recente. Só há relativamente pouco tempo é que tem sido utilizado, juntamente com "sexismo" e "racismo", para nomear uma opressão paralela, que suprime os direitos das lésbicas, gays e bissexuais. Heterossexismo descreve uma atitude mental que primeiro categoriza para depois injustamente etiquetar como inferior todo um conjunto de cidadãos.
Numa sociedade heterossexista, a heterossexualidade é tida como normal e todas as pessoas são consideradas heterossexuais, salvo prova em contrário. A heterossexualidade é tida como "natural", quer em termos de estar próxima do comportamento animal, quer em termos de ser algo inato, instintivo e que não necessita de ser ensinado ou aprendido.

Quando seres humanos dizem que algo é "natural", em oposição a um comportamento "adquirido" através de um processo de aprendizagem, geralmente querem dizer que não é possível desafiá-lo nem mudá-lo e que seria até mesmo perigoso tentar fazê-lo. No passado, dominava a ideia de que os homens eram "naturalmente" melhores nas ciências e no desporto e líderes natos, mas as mulheres tiveram a oportunidade de desafiar estas ideias e de mostrar o homem e a mulher numa perspectiva completamente diferente. Este desafio foi facilmente perpetuado assim que se começou a evidenciar que os homens são empurrados para posições de vantagem por uma sociedade que está estruturada para os beneficiar, um processo (a opressão das mulheres) mais tarde denominado de sexismo. Do mesmo modo, tem-se tornado evidente que a heterossexualidade, tal como a dita superioridade masculina, é tão natural, como adquirida. O facto de a maioria dos homens e mulheres a escolherem como a sua forma preferida de sexualidade tem por vezes mais a ver com persuasão, coerção e a ameaça de ostracização do que com a sua superioridade como forma de sexualidade.

O heterossexismo está institucionalizado nas nossas leis, orgãos de comunicação social, religiões e línguas. Tentativas de impôr a heterossexualidade como superior ou como única forma de sexualidade são uma violação dos direitos humanos, tal como o racismo e o sexismo, e devem ser desafiadas com igual determinação.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Homossexualidade Na Escola

A escola, primeira vida social da criança e do adolescente, é o lugar onde aprendemos a história da nossa e de outras sociedades, lógica e línguas, política e diversos outros assuntos. Mas será que aprendemos tudo o que necessitamos? Será que a escola prepara os alunos para enfrentar a vida? Pois não podemos esquecer que os alunos são seres humanos, têm sentimentos, problemas, conflitos e a escola deve auxiliá-los em todos esses pontos também...

Existe o ditado "A escola é nossa segunda casa", não? Mas a realidade dos alunos e a das escolas é mais difícil, variando de lugar para lugar. O preconceito e a desinformação está incrivelmente acentuada nos jovens. As direções de escolas muitas vezes fecham os ouvidos para não participar de conflitos. Em escolas particulares o caso se complica pelo fato de que a imagem da escola deve ser de agrado aos pais, e isto termina muitas vezes na indiferença para não serem tachadas de disseminadoras de homossexualidade ou qualquer outro tabu. O colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo, para driblar este problema e auxiliar todos os alunos, possui uma matéria específica para tratar dos problemas sociais, e um dos temas tratados nessa aula é exatamente a homossexualidade.

Nas escolas da rede pública não acontece o mesmo, pois a grade curricular não é voltada para esta formação, mas ainda assim alguns professores tomam a iniciativa e tratam deste assunto nas suas respectivas matérias. Um exemplo disto é a prof.ª de Biologia Maria Elvira Martins de Souza, que quando é possível aborda a homossexualidade enquanto fala sobre sexo nas suas aulas, tentando quebrar toda a desinformação que muitas vezes existe nos alunos. “Eu tento ajudar no que posso, pois sei que esta é uma fase onde os alunos são preconceituosos para manter um status. Sei de alunos meus que têm problemas particulares e que desconfio que têm dúvidas sobre a sua preferência sexual, mas não posso fazer nada, afinal estes ao vêm me procurar. Porém, ainda assim, tento esclarecer as dúvidas mais comuns desta fase para a classe toda”, disse ela. Na opinião da Profª de História Regina Helena Barella Pepe, um dos problemas é que o próprio corpo docente não está preparado para enfrentar uma situação destas. Ela conta um caso onde um amigo dela, também professor, era homossexual e sofria preconceito dos seus colegas de trabalho. “É difícil ajudar um aluno sendo que a direção da escola não está aberta para essa realidade, e os professores não estão esclarecidos”, completa.

Na Escola Técnica Estadual (ETE) Jorge Street em São Caetano do Sul houve um caso de um aluno que sofreu repressões pelo seu jeito e a escola interviu para que o caso não se complicasse, conversou com os pais e os alunos para explicar que há diferenças que devem ser respeitadas. Já no caso do Colégio Jesus Maria José, o aluno Paulo (nome fictício) é assumido e sofre preconceito dos colegas, sendo que muitas vezes ele tem de impor o seu respeito. Mas apesar de tudo, a escola preferiu não intervir. A coordenadora dos alunos da ETE Jorge Street, Neide Maria I. Marques falou de questões como esta: “Nós não podemos abordar o aluno e questionar sobre a situação, pois não temos certeza, temos que esperar que ele venha a nós pedindo auxílio, e então depois intervir”. Na opinião do psicólogo e professor da Faculdade de Educação da USP, Julio Groppa Aquino, uma boa alternativa para as escolas é trabalhar a homossexualidade de forma integrada ao currículo escolar.

Quando questionadas sobre a possibilidade de relacionamentos homossexuais nas escolas, porém, as mesmas mantiveram-se em silêncio, não afirmaram que aceitariam, e a maioria disse que há leis internas que proíbem o relacionamento de alunos até mesmo heterossexuais, nas dependências da escola.

Os alunos das escolas possuem também muita dificuldade para tratar deste assunto. Muitos não possuem opinião formada ou possuem informações errôneas. 45% dos entrevistados das escolas já tiveram contato com homossexuais assumidos, e 30% destes são amigos. Desta porcentagem, 90% estão no segundo e terceiro ano do Ensino Médio, fase em que o jovem já está mais esclarecido. 50% dos entrevistados que possuem amigos gays dizem que tinham preconceito, mas deixaram de lado depois que conhecerem alguém pessoalmente. No Centro Interescolar Municipal (CIM) Alcina Dantas Feijão em São Caetano do Sul, há o caso de Fábio (nome fictício), que sofre preconceito pelos alunos. “O preconceito vai existir em qualquer lugar, mas é claro que varia de região para região. Dou aula em uma escola de classe baixa onde um aluno é assumido e tem de impor respeito para poder se manter vivo, enquanto que na ETE Jorge Street, há você (referindo-se ao repórter Anderson Santos) que por si só já mantém um respeito, e não existem ofensas direcionadas. A educação, o ambiente e a pessoa em questão são fatores que inegavelmente influem, ficando difícil generalizar o que acontece com o jovem homossexual na escola.”, diz a profª Elvira sobre o assunto.

Tudo isto mostra que a sociedade aos poucos vem ficando mais aberta para assuntos do gênero - mas essa é uma questão que ainda tem um longo caminho a percorrer...

Anderson Santos
Reporter do E-Jovens

Eu e o preconceito na Escola...

Hoje quero voltar bem lá atrás em minha vida, no tempo de escola...
Até mais ou menos os oito anos não tinha enfrentado nenhum tipo de preconceito, pelo menos que me lembre...
Mais ou menos na segunda série, começaram os falatórios dos colegas e suas brincadeiras e comentários estúpidos, maldosos...
Fui um menino muito delicado na infância. Talvez porque convivia mais com minha mãe, suas amigas e as filhas de suas amigas, ou por natureza espiritual... Não sei...
Só sei que eu era assim e os meninos vivam me chamando de bicha...
Era insuportável, pois é claro que isso me deixava morrendo de vergonha e vários outros sentimentos ruins.
Os Professores(as) e as pessoas que trabalhavam na escola sempre me trataram bem e com respeito.
Era um excelente aluno por sinal, sempre tirando notas altas...
Mas, durante toda minha fase do primeiro e segundo grau sofri muito.
Não contava para meus pais porque tinha vergonha e medo.
Afinal, meus pais deixavam bem claro que não admitiriam ter um filho homossexual...
Por isso sofri muito.
Tudo bem, passou, superei (será?!) e estou aqui.
Tudo me fez ser o que sou hoje, mas fico pensando se isso continua...
Achei uma matéria muito boa falando sobre isso que quero postar depois.
Alguém que esteja lendo isso passou por algo parecido?
Gostaria de saber...
Sei que talvez sejam coisas que queiramos esquecer, mas acho que é importante ao mesmo tempo desabafar...
Perdi as contas de quantas vezes me insultaram por ser diferente e lembro-me bem que me sentia tão solitário...
Não tinha com quem conversar, não tinha com quem contar...
Por isso penso que os pais antes de terem seus filhos ou depois deles, precisam aprender mais sobre a vida, sobre tudo.
Penso nas crianças homossexuais que estão pelas escolar mundo a fora. Será que elas estão também passando por isso?
Será que elas também não tem o apoio dos pais?!
Será que elas também tem vergonha do que são?!
Gostaria que os pais de hoje ensinassem a seus filhos respeitarem a escolha, a vida dos seus colegas.
Que tentassem entender seu próximo.
Que alguns pais, ou todos, começassem a dar "abertura" para seus filhos falarem de todos seus problemas...
Acredito que o apoio dos pais seja de suma importância na vida de uma criança..
Porque uma criança é inocente, não sabe ainda sobre a vida e só tem os pais para lhe mostrar qual caminho deve seguir, ou pelo menos o melhor caminho.
Eu me lembro que com o tempo tentei ignorar, fingir que não ouvia os insultos.
Não havia outro remédio.
Na adolescência, mais maduro, porém ainda criança, lidava com isso melhor.
Mas, isso não deixava de machucar...

domingo, 14 de novembro de 2010

Minha primeira vez numa boate gay...

Como disse num dos posts anteriores, conheci meu amigo Marco na locadora de vídeos.
Ele era atendente.
Muito legal e brincalhão.
Saímos sempre para conversar e tomar um lanche.
Mas, nunca tínhamos falado de vida íntima.
Mas, ele tinha seus 20 e poucos anos e bem experiente na vida...
Como aprendi depois, ele já tinha o "radar" aperfeiçoado... rs
Um dia me convidou para sair e eu topei.
Não disse a onde íamos...
Fomos direto para uma boate. Lembro-me do nome: Malícia...
Ficava na Alameda Franca, Jardins.
Entramos. Era minha primeira vez numa boate adulta... rs
Sempre ia na disco, mas com amigos da escola.
Bom, o lugar era meio estranho, só via homens, mas nem liguei.
Pedimos uma bebida e ficamos conversando.
Eu achava tudo diferente, mas estava curtindo rs
Até que meu amigo me disse que ia no andar de cima e já voltava...
Eu fiquei ali, olhando as pessoas, esperando meu amigo voltar...
Estava na frente da pista de dança e comecei a achar tudo aquilo muito estranho...
Nada de mulheres, apenas homens e dava para perceber que eles eram "diferentes", pelo menos alguns...
Ai comecei a reparar os olhares... Alguns olhavam para mim como se eu fosse "um pedaço de carne"...
Meu amigo não voltava...
Chamei um garçon que passava por mim...

- Oi, desculpe, mas você sabe me dizer onde fica a escada para o segundo andar?
- Fica logo ali mais na frente. Tá tudo bem com você?
- Sim, estou esperando um amigo que foi lá e falou que voltava logo, mas esta demorando...
- Você veio com ele? 
- Sim, e ele não volta...
- ....
- Posso te fazer uma pergunta?
- (fez sinal de sim com a cabeça).
- Aqui só tem homens?!
- (arregalou os olhos, depois disse): Você nunca tinha vindo aqui?
- Não, é a primeira vez, meu amigo que me trouxe. O que sumiu...
- Bom, esta é uma boate gay...
- (fiquei imóvel, sem reação...) 
- Tá tudo bem com você? Precisa de algo?
- Onde fica a saída?!

O Garço, César, um Deus Grego rs, levou-me até a recepção e contou minha história para as moças que ficavam na parte da entrada para cobrar os clientes...
Elas foram super simpáticas e logo chamaram um táxi para mim, pois eu tinha pedido.
Apesar do susto, foi divertido.
Quase matei o Marco no dia seguinte, mas no fim, numa noite, voltei lá sozinho...
Kakakakaka, outro post... rs

Ame-Se Acima De Tudo

Todos os seres humanos, buscam o amor. Crêem que este amor tem que vir de outra pessoa. Sonham, idealizam, que este amor virá um dia e o/a salvará de sua solidão.A nossa sociedade acostumou-se a procurar o amor fora. No outro. O outro tem que vir, e me amar. Espero a vida toda ser nutrido pelo outro. " Ah, com o outro eu serei feliz! Procuramos uma pessoa que dê significado em nossas vidas e nos autorize o amor. O não ter esta pessoa, nos faz sofrer. Ficamos irritados, pequenos, sem valor, até chegamos a nos desprezar.

Sei de muitas pessoas que choram de solidão, como se pedissem colo à outra pessoa, ou do tipo pelo amor de Deus, me ame. Nossa cultura, de dependência, nos fez acreditar que a outra pessoa seria a nossa salvação. Interessante, é que quando temos esta pessoa, logo depois, ela já não nos serve, pois não nos nutre, como gostaríamos de sermos nutridos.

Queremos que o outro faça por nós, aquilo que apenas nós deveríamos fazer. Trocamos de parceiros, ou melhor, entramos na parceria por causa de nossas carências, e saímos dela, pela mesma carência não resolvida. De certa forma, isto nos prova, que ninguém completa a ausência que temos no coração. Afirmamos que ninguém completa, pois é uma das certezas que tenho depois de muita experiência profissional e de minha vida pessoal. Está ausência ou carência, só eu posso completá-la. É de minha responsabilidade me amar. Só eu posso me curar de minha solidão. E curo a minha solidão, aprendendo a ficar comigo. Ser importante para mim, eleger-me o primeiro em minha vida. Estamos num padrão social, tão desajustado, que a sociedade nos cobra uma parceria afetiva. Sentimo-nos deslocados, quando não temos uma relação afetiva acontecendo. E esta comparação, entre eu que não tenho e o outro que tem, inevitavelmente nos leva à solidão.

A solidão é um vício comportamental, é um estado da mente, de quem não consegue ficar consigo, de quem não consegue se amar. Nunca ninguém está só no universo. Se entender a estrutura dos 4 elementos, e a diversidade de dimensões, certamente perceberei que nunca estou só. Só que me acostumei ao padrão da queixa, do colo, do coitadinho, e receber a atenção do outro, é primordial. Preciso da atenção do outro, preciso ser nutrido pelo outro, pois não aprendi a me amar. É comum, que neste estado de solidão, venhamos a desenvolver, inúmeras fantasias afetivas.

Nos apaixonamos por diversas possibilidades que o outro nos apresenta. Todas movidas pelas nossas carências. Descobrimos uma infinidade de almas gêmeas, e curtimos grande esperança, até que aquela alma gêmea não corresponda nossa expectativa, e aí então, descobrimos nova alma gêmea. Conheço pessoas, que descobrem uma alma gêmea por mês. Outras, que se encantam com certas características pessoais do outro, e tecem uma rede de emoções, desejos, sonhos e principalmente fantasias, transformando sua energia afetiva, num grande e imenso amor Platônico, sem nunca se dar conta se estão sendo retribuídas, nesta mesma freqüência de energia. Nós todos somos seres eletromagnéticos. Vibramos freqüências energéticas o tempo todo, e creio que quando duas pessoas se amam, entram portanto na mesma freqüência, que virá proporcionar, no encontro dos corpos, a maravilhosa sensação de um perfeito orgasmo. Se por acaso, este é o teu caso, de um amor Platônico, ou não correspondido, lhe dou uma dica. Olhe se a outra pessoa, está na mesma sintonia que você. Se não estiver, não perca seu tempo.

Use seu tempo, ficando disponível para o seu verdadeiro amor, aquele que corresponda às suas necessidades de troca. Não idealize, amor não é para ser idealizado, é para ser experenciado. Se o outro não está na tua freqüência, caia fora, este outro não te merece. Relação só é boa, quando ambos querem a mesma coisa. Quando estão na mesma sintonia. Se a sintonia só é sua, é carência, é fantasia de sua parte. Talvez é admiração de algo que o outro conquistou e você ainda não, ou o outro representa teu ideal como aspecto físico e comportamental. Mas o teu ideal, certamente pode não ser o ideal do outro. Portanto não sofra por amor. Apenas ame-se, apenas se dê uma chance de ser feliz, cuidando mais de você, e não ficando à mercê da atenção, e disponibilidade de ninguém.

Você é uma estrutura universal única. Ninguém é igual à você. Respeite-se, curta-se, permita-se, cuide-se, não é digno de sua parte, chorar ou lamentar pelo amor não correspondido, pois se olhar tua carência, e a ausência de amor por você, com toda certeza, mudará agora, este padrão, que só te faz sofrer, e que não resolverá tua questão afetiva. A solução de tua questão afetiva, está no teu coração. No amor por si. Ame-se e se curará da fantasia, de esperar amor do outro.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pra Ser Sincero - Engenheiros do Hawaii

Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...

Pra ser sincero
Não espero que você
Minta!
Não se sinta capaz
De enganar
Quem não engana
A si mesmo...

Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos...

Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...

Pra ser sincero
Não espero que você
Me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma
Ao diabo...

Um dia desse
Num desses
Encontros casuais
Talvez a gente
Se encontre
Talvez a gente
Encontre explicação...

Um dia desses
Num desses
Encontros casuais
Talvez eu diga:
-Minha amiga
Pra ser sincero
Prazer em vê-la!
Até mais!...

Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Nunca deixam suspeitos...